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15 de mar. de 2011

Castrar é pilar fundamental da posse responsável

Veja a importância da castração e desvende os mitos que cercam o tema
Por Helena Jacob em Adote um Gatinho

Imagine uma linda gatinha de seis meses: uma fofura, com ar e comportamento de filhote. Você nem poderia imaginar que, mesmo com esse jeitão de criança, é nessa idade que a maioria das fêmeas de gatos entra em idade reprodutiva. E que, dois meses depois, a mesma gata pode ser mãe de três, quatro, cinco, seis ou até, pasmem, sete gatinhos.

Agora, faça as contas: se essa gatinha der à luz quatro outras fêmeas, em seis meses elas poderão também trazer ao mundo, cada uma, mais seis gatinhos, por exemplo. Basta um mero cálculo de progressão geométrica para imaginar o ritmo frenético em que uma comunidade felina (ou canina) pode crescer.

“Ah, mas o problema é ter fêmeas, vou adotar um gato macho e não terei problemas”. A pessoa que pensa isso deve ter esquecido as aulas de biologia da escola e de que, para nascer um gatinho, é necessário, além do óvulo da fêmea, do espermatozóide do macho.

Quem vai emprenhar aquela gatinha do primeiro exemplo? Justamente o gato da pessoa que não quer problemas. Esse gato, se tiver acesso à rua pode ser, em menos de um ano, o nada orgulhoso pai de algo em torno de 200 gatinhos, chutando um número baixo.



Esse quadro mostra o tamanho da responsabilidade do dono de um animal. Deixar a reprodução de gatos e cachorros por conta da “natureza” pode causar danos terríveis ao meio ambiente e ao meio urbano onde vivem pessoas e animais, e resultar em um ato dos mais cruéis: o abandono.


Filhotes abandonados na porta de um
Pet Shop em São Paulo - resgatados pela AUG
Ao ver sua gata prenha ou com vários filhotinhos, muitos “donos” irresponsáveis querem se livrar logo desses “pequenos-grandes problemas”, e abandonam os gatinhos e cachorrinhos em terrenos baldios, parques, latas de lixo. Deixados à própria sorte, muitos morrem das maneiras mais cruéis que se pode imaginar.





Mas qual é uma das grandes soluções para combater o abandono? 

A resposta é castrar seu animal de estimação. Trata-se de um procedimento cirúrgico simples e que evita o sofrimento de milhares de animais que seriam abandonados.

Há muito preconceito que cerca a castração. Um dos pensamentos mais comuns sobre o assunto é que seria “crueldade não deixar os gatos e cachorros satisfazerem seus instintos sexuais”. É bom lembrar que animais fazem sexo para procriar. Não há comprovação científica de satisfação sexual. Crueldade mesmo é ver filhotes de gatos e cachorros morrendo de fome, frio, atropelamentos e doenças infecciosas.Castração sem mitos

Há muitos mitos que cercam o ato cirúrgico de castrar um animal, além do medo do dono de levar seu bichinho de estimação para uma mesa de cirurgia.

É importante esclarecer que, hoje, uma castração é um ato cirúrgico dos mais simples. Mesmo a anestesia geral, que causava medo em muitos donos, foi aperfeiçoada e hoje é bastante segura. Além do anestésico tradicional, injetada na veia, há opções, como a forma inalatória, por exemplo.

A veterinária Fabiana Pereira, da clínica veterinária Golden Dog, afirma que castrar traz vários benefícios comprovados. "Para as fêmeas, além da castração evitar a procriação excessiva, ela previne problemas de útero, desiquilibrio hormonal e a probabilidade de câncer de mama. Para os machos a castração diminui o comportamento de demarcação de território, a agressividade, a vontade do gato sair na rua e, consequentemente, adquirir outras doenças”, completa.

Outro medo comum aos proprietários é que o animal engorde depois da castração. Isso não procede, pois o que faz um animal engordar é o mesmo que faz um humano engordar: falta de exercício e excesso de comida.

A veterinária Fabiana concorda: "Qualquer gato engorda se vive em ambiente pequeno e tem comida à vontade, independente da castração. Em geral os gatos castrados ficam mais parados e por isso não saem muito, mas basta acertar a quantidade e horários os adequados de alimentação."

A jornalista Andréa cita o exemplo do seu gato amarelo Sebastian, adotado há cerca de um ano e meio. Ela conta que logo que ele se recuperou do stress do abandono e ganhou carinho em casa, começou a engordar. “Aos seis meses de idade ele já era grandão e gordinho. Mimei demais”, brinca.

Castrado nessa época, ele não engordou mais, só cresceu. “Ele parece um Maine Coon, de tão grande, mas não é gordo. E eu percebi que o Sebastian ficou mais calmo e dócil depois da castração”, afirma. Ela afirma que faz campanha entre amigos do trabalho para que também castrem seus cães e gatos. “O problema do abandono é muito sério, temos que conscientizar as pessoas”, garante.

São Paulo possui hoje, perambulando pelas ruas, milhares de cães e gatos abandonados. A rotina é comum a grandes cidades, mas na quarta maior metrópole do mundo, o tratamento dispensado aos animais de rua ainda deixa a desejar.

Cidades como Nova Iorque, por exemplo, contam com grandes centros de proteção animal, como a ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals), que conscientizam a população sobre posse responsável e punem rigidamente crimes como o abandono de filhotes, tão comum por aqui.

A Special Cat Emília foi castrada
em janeiro/2011
Daí que para mudar esse quadro é fundamental um trabalho de conscientização sobre a reprodução animal e a importância da castração. Castrar, já diz um ditado comum no mundo da proteção animal, é um ato de amor.

Em relação aos gatos e cachorros, um dos melhores métodos para controlar a população é a castração antes dos seis meses de idade. Afinal, como vimos anteriormente, a maturidade sexual desses animais é das mais precoces. Castrar depois dos três meses, quando o gatinho já possuí defesas naturais para encarar uma cirurgia é mais do que recomendado.

Segundo a médica veterinária Paula Zopello, que é a responsável por todas as cirurgias dos gatinhos do Adote um Gatinho, é melhor castrar gatos quando eles ainda são filhotes. “Nessa idade, vários fatores facilitam a cirurgia: primeiro porque a recuperação dos filhotes é acelerada. Como os gatinhos ainda estão em desenvolvimento, a produção de células é mais rápida e conseqüentemente a cicatrização também”.

Paula afirma ainda que foi comprovado por várias pesquisas científicas em todo o mundo que a castração não interfere no crescimento e no desenvolvimento do gato. “Eles não precisam de hormônios sexuais para crescer; e castrar cedo ajuda a impedir o aparecimento de câncer de mama e de útero em fêmeas”, diz a veterinária.

Outro fato que estimula a prática da castração em filhotes é que se o animal não tiver contato com hormônios sexuais, ele não terá um comportamento ligado ao sexo. Assim os machos nunca apresentarão o desagradável hábito de marcar território, ou seja, urinar em qualquer lugar. “Acontece de machos castrados depois de adultos marcarem território, e mesmo depois de castrados continuarem marcando. Por isso é bom castrar cedo”, conta Paula.

As novas técnicas utilizadas nas cirurgias de castração também asseguram a segurança da cirurgia. Hoje, a técnica mais utilizada é a do “gancho”. Ao contrário da antiga, em que era feito um grande corte na barriga das fêmeas para retirada de útero e ovários, nessa nova técnica os órgãos são retirados através de um pequeníssimo corte e puxados com um tipo de “ganchinho”.

“Assim não colocamos a mão dentro do abdomem do animal, diminuindo o risco de contaminação e tornando a recuperação mais rápida”, conta Paula. Nos machos a cirurgia é ainda mais simples, pois são retirados apenas os testículos, que já estão localizados externamente.

Reproduzir: para que?

Um mito preocupante cerca a castração de animais. “Por que vou castrar meu bicho se eu não gostaria de ser castrado?”. Ou, ainda: “Isso é uma mutilação, vai contra as leis da natureza”. É importante lembrar novamente que não existe prazer sexual na cópula dos animais.

"Se o animal não vai cruzar, não justifica o corpo dele ser preparado toda hora para a reprodução. Os gatos não têm prazer na cópula”, afirma a veterinária Angélica Lang Klausnerr, veterinária oficial do Adote um Gatinho e que assina a coluna “Vet responde”. E completa: “A fêmea do gato entra no cio e somente na ovulação ela permite a cópula. Não há prazer. Se fosse por prazer, porque esperar o cio?”, questiona.

Além de pensar no seu próprio animal, é muito importante associar o ato da castração ao problema do abandono. Todos os anos milhares de gatos e cachorros são sacrificados no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e muitos deles são apenas filhotes e saudáveis.

Programas de controle da população animal são fundamentais para uma sociedade justa e que respeita os animais. Só para efeito de comparação, segundo o site do CPNA (Centro de Planejamento de Natalidade Animal), programas de esterilização em massa têm garantido resultados excelentes desde a década de 1970, quando começaram a ser aplicados nos EUA. Outros países como Dinamarca, Índia, Rússia, México e Nova Zelândia também vêm tendo bons resultados com a prática. As estatísticas são animadoras:

● Em São Francisco, Califórnia, as eutanásias de animais sadios estão suspensas desde 1999. 
● Em Houston e Dallas, Texas, a proporção de animais sacrificados nos abrigos estaduais (equivalentes aos nossos CCZs) caiu em 30% desde que foram implantadas as primeiras clínicas de esterilização gratuitas e a baixo custo. 
● No estado do Alaska, a redução do sacrifício de animais foi de 70%, graças ao trabalho empreendido pelas clínicas móveis de esterilização. 
● No Estado do Colorado, o ingresso de animais nos abrigos estaduais caiu em 40% com a política de "esterilizar e devolver" ao invés de "capturar e matar". 
● A cidade de Philadelphia reduziu a entrada de animais em abrigos estaduais em 70%.

Castrar seu bichinho de estimação é bom para você, para ele e para o mundo. Não siga mitos ou lendas antigas e lembre-se de que você é o ser pensante, responsável por aquele ser. Se depois de ler tudo isso, você ainda duvida, faça uma visita ao CCZ de sua cidade e constate a triste realidade do abandono.

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2 comentários:

  1. Este site esclareceu todas as minhas dúvidas a respeito da castração, além de derrubar alguns mitos, como por ex fiquei com medo de meu gato parar de crescer após a cirurgia. Agora tenho certeza de que fiz a melhor opção.

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  2. Castrei meu bichano e após ler o site tenho certeza dos amplos benefícios sócio-ambientais desta prática. Evitei a perda do meu animal, o abandono de filhotes e a disseminação de doenças. As prefeituras deveriam adotar programas neste sentido, para evitar este grave problema de saúde pública de cães e gatos abandonados à própria sorte!

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