Úlceras de córnea ocorrem com grande freqüência em cães e gatos, principalmente nas raças braquicefálicas (focinho “achatado”). Podem ser causadas por diversos motivos, mas os principais são os traumas, entrópio (pálpebras viradas para dentro), triquíase e distiquíase (cílios e pêlos tocando a córnea) e ceratoconjuntivite seca (doença causada pela diminuição da quantidade ou da qualidade da lágrima).
Por que tratar a Úlcera de Córnea?
Quanto mais superficial a úlcera de córnea mais dolorida ela é, pois as terminações nervosas da córnea se encontraram na superfície. Por isso que apresentamos o reflexo de piscar quando cai um cisco no olho, por exemplo. Portanto quando seu animalzinho aparentar desconforto ocular (olho fechado, piscando muito e lacrimejando), procure o mais rápido possível um oftalmologista veterinário. Agora você pode se perguntar: “mas se é superficial, porque a urgência no atendimento?”. Porque em úlceras mais profundas a dor é menos intensa (não há terminações nervosas nas camadas mais profundas), então você pode achar que ele está “melhorando”, mas na verdade a situação está mais grave, e uma úlcera de córnea não tratada, ou tratada de maneira incorreta, pode levar à perfuração ocular.
Constituição da Córnea
Apesar de a córnea ser uma estrutura fina (0,6 a 1,0 mm de espessura central em cães) microscopicamente é constituída por quatro camadas:
Epitélio com membrana basal;
Estroma;
Membrana de descemet e endotélio (figura 1 A).
Quando ocorre uma úlcera superficial, a camada epitelial já foi perdida e a lesão já se encontra no estroma (figura 1 B).
Diagnóstico de Úlcera de Córnea
O diagnóstico é realizado quando instilamos colírio de fluoresceína sobre a córnea. Este colírio irá corar de verde o local onde está a úlcera (figura 2 B).
Sem este teste, muitas vezes, é difícil localizar a lesão (figura 2 A). Mas a fluoresceína só cora a camada estromal da córnea, portanto úlceras muito profundas (figura 3), com risco de perfuração ocular, não se coram.
Fonte: Médica Veterinária Fabiana Quartiero Pereira ( OFTALMOLOGIA ANIMAL 12/04/09)
|
Figura 1: Desenho esquemático das camadas histológicas da córnea (A)
e de uma úlcera corneana atingindo a camada estromal (B). |
|
Figura 2: Córnea antes do teste da fluoresceína.
Teste da fluoresceína positiva evidenciando úlcera de córnea superficial em cão (seta) (B). |
|
Figura 3: Úlcera profunda (seta) em cão com ceratoconjuntivite seca crônica.
Observe intensa melanose e edema de córnea. |